quarta-feira, 12 de abril de 2017

A Corrupção do Género Humano


Após a morte de Abel, filho de Adão e Eva assassinado pelo seu irmão Caim, a Bíblia conta que o casal voltou a gerar uma criança. Eva deu à luz a Sete, que trouxe na sua genealogia grandes homens de Deus, como Noé, Abraão e Davi, culminando no nascimento do Senhor Jesus Cristo, o Filho do Deus Vivo (Lucas 3:38). Caim também gerou filhos e filhas, que povoaram a Terra.

Entretanto, as Escrituras relatam que a terra encheu-se de violência, maldade e concupiscência carnal, com o pecado a manifestar-se abertamente no ser humano. Nos dias actuais, a degeneração humana não mudou; o mal continua a irromper desenfreado através da depravação, da imoralidade, da incredulidade, da pornografia e da violência, que dominam a sociedade inteira.

A ira de Deus se revela do céu contra toda a impiedade e perversão dos homens que detém a verdade pela injustiça […] Tais homens são, por isso, indesculpáveis; porquanto, tendo o conhecimento de Deus, não o glorificam como Deus […] cheios de toda a injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores, caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais, insensatos, pérfidos, sem afeição natural e sem misericórdia. Ora, conhecendo eles que são passíveis de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também aprovam os que assim procedem”. Romanos 2:18-32.

Deus revela-se já nesses primeiros capítulos da Bíblia como um Deus pessoal para com o ser humano, e que é passível de sentir emoção, desagrado e reacção contra o pecado deliberado e a rebelião da humanidade. Por causa do trágico pecado, Deus muda a Sua disposição em relação às pessoas; A Sua atitude de misericórdia e longanimidade passou à atitude de juízo.

A existência de Deus, o Seu carácter e os Seus eternos propósitos traçados permanecem imutáveis, porém Ele pode alterar o Seu tratamento para com o homem, dependendo da conduta deste. Deus altera, sim, os seus sentimentos, atitudes, actos e intenções, conforme as pessoas agem diante da Sua vontade.

Toda boa dádiva e todo o dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança”. Tiago 1:17.

Eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai, também a alma do filho é minha; a alma que pecar, essa morrerá. […] Mas se o perverso se converter de todos os pecados que cometeu, e guardar todos os meus estatutos, e fizer o que é reto e justo, certamente viverá, não será morto”. Ezequiel 18:4 e 21.

“…E os mortos foram julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros […] E, se alguém não foi achado no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo”. Apocalipse 20:12 e 15.

Então, vemos em Génesis que a maldade do ser humano pesou no coração do Senhor, de maneira que teceu um julgamento perante a Terra: destruiria a todos, inclusive animais, excepto uma pessoa: Noé, pois era homem justo e recto perante a vontade do Pai.

Essa revelação de Deus como um Deus que pode sentir pesar e tristeza, deixa claro que Ele, em relação à Sua criação, age pessoalmente, como no recesso de uma família. Ele tem um amor intenso pelo ser humano. No meio da iniquidade e maldade generalizadas daqueles dias, Deus achou em Noé um homem que ainda buscava comunhão com Ele e que se mantinha distante da imoralidade ao seu redor. Essa rectidão de Noé era fruto da graça de Deus nele, por meio da sua fé e do seu andar com Deus.

A salvação no Novo Testamento é obtida exactamente da mesma maneira, mediante a graça e a misericórdia de Deus, recebidas pela fé, cuja eficácia conduz o crente a um esforço sincero para andar com o Senhor e permanecer separado da geração ímpia ao seu redor.

Hebreus 11:7 declara que Noé foi feito herdeiro da justiça, que é segundo a fé. O Novo Testamento também declara que ele não era somente justo, como também pregador da justiça. Nisso, ele é exemplo do que os pregadores devem ser.

Pela fé, Noé, divinamente instruído acerca de acontecimentos que ainda não se viam e sendo temente a Deus, aparelhou uma arca para a salvação de sua casa; pela qual condenou o mundo e se tornou herdeiro da justiça que vem da fé”. Hebreus 11:7.


Os filhos de Deus e as filhas dos homens

Como se foram multiplicando os homens na terra, e lhes nasceram filhas, vendo os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, tomaram para si mulheres, as que, entre todas, mais lhe agradaram”. Génesis 6:1-2.

As genealogias de Caim e Sete são lembradas com esta passagem. Existem muitos conflitos a envolver este texto, um deles seria a expressão “os filhos de Deus”. A primeira grande controvérsia encontra-se no facto de alguns estudiosos acreditarem que esta designação estaria relacionada a anjos. Argumenta-se que os anjos caídos assumiram corpos físicos e vieram à terra para ter relações sexuais com belas mulheres, união da qual teriam nascido gigantes iníquos.

Ainda que tal interpretação possa ser defendida, a visão da maioria das igrejas evangélicas, entre elas a do Evangelho Quadrangular, acredita que os “filhos de Deus” sejam os descendentes piedosos de Sete. Estes homens escolheram as suas esposas não pela sua opção religiosa, mas por impulso. Através desta escolha errada, configurou-se numa vida devassa, e então houve a corrupção da humanidade. Deus reagiu com ira divina e Sua reacção em relação à sociedade aumentava de intensidade à medida que a corrupção se tornava dominante à escala universal.

A união destas duas linhagens gerou “Gigantes” ou “Nefilins”, entretanto este termo gigante é usado na Septuaginta. No texto original, no hebraico, o tamanho da pessoa nada tem a ver com o significado da palavra. O termo “Nefilim” significa, literalmente, “os caídos ou aqueles que caem sobre (atacam) os outros”, ou seja, eram pessoas malignas.

Sobre esta visão, argumenta-se que:

Em primeiro lugar, ao analisarmos o texto de Mateus 22:29-30, que diz:
Respondeu-lhes Jesus: Errais não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus. Porque, na ressurreição, nem se casam, nem se dão em casamento; são, porém, como os anjos do céu”. Mateus 22:29-30.

Entendemos que as paixões e os apetites sexuais são especificamente manifestações do corpo humano e não dos anjos celestiais.

Em segundo lugar, não foi a união entre os “filhos de Deus” e as “filhas dos homens” que nasceram os gigantes. Pelo contrário, eles já existiam antes desse acontecimento. Vejamos:
Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens e delas geraram filhos; estes eram os valentes que houve na antiguidade, os homens de fama”. Génesis 6:4.


Em terceiro lugar, caso esses “filhos de Deus” fossem anjos decaídos, seriam demónios e não mais “filhos de Deus”; logo, não poderiam ser considerados como tais. Enquanto que os descendentes de Sete “invocavam o nome do Senhor”, tal como o próprio Sete (Génesis 4:26), ou seja, possuíam comunhão com Deus, andavam com Deus, como Enoque (Génesis 5:29; 6:8) e obtiveram testemunho de que agradaram a Deus e se tornaram herdeiros da justiça, que é segundo a fé (Hebreus 11:5-7).

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