quinta-feira, 6 de abril de 2017
GÉNESIS - O Livro da Criação Divina
abril 06, 2017
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“No
princípio, criou Deus os céus e a terra” Génesis 1:1
GÉNESIS,
O Livro das Origens
ESBOÇO
DO LIVRO DE GÉNESIS
1)
A Criação
Génesis
1:1 – 2:3
2)
A Narrativa pré-patriarcal
a)
História dos céus e da terra – 2:4
– 4:26
b)
História de Adão – 5:1
– 6:8
c)
História de Noé – 6:9
– 9:29
d)
História de Sem, Cam e Jafé – 10:1
– 11:9
e)
História de Sem – 11:10-26
3)
Os Patriarcas na palestina: a formação do povo de Deus
a)
História de Terá – 11:27
– 25:11
b)
História de Ismael – 25:12-18
c)
História de Isaque – 25:19
– 35:29
d)
História de Esaú – 36:1-43
4)
Os Patriarcas no Egipto: o inicio de facto da história do povo de
Deus
a)
A História de Jacó – 37:1
– 50:26
Como
apresentado na tabela acima, o livro de Génesis divide-se em quatro
partes principais: (1) a Criação; (2) a narrativa pré-patriarcal;
(3) os patriarcas na Palestina; e 4) os patriarcas no Egipto. Os 50
capítulos de Génesis darão conta desse esboço, do desenvolvimento
da história do povo de Deus.
Tecnicamente,
pode-se dizer que o género literário predominante no livro de
Génesis é o da narrativa. As narrativas variam entre antes e depois
da Era do Patriarcado na Palestina. Esse género literário
permite-nos perceber que as histórias ali narradas foram elaboradas
de maneira a prender a atenção do leitor a ponto de levá-lo ao
clímax da história: a saga do povo de Deus rumo à Terra Prometida.
A
partir dessa percepção, podemos concluir o propósito do livro de
Moisés: contar a maneira e motivo de o Deus de Israel escolher a
família de Abraão e fazer uma eterna aliança com ela. Para os
cristãos, essa aliança tem uma importância preponderante, pois foi
a partir da aliança de Deus com Abraão que Jesus de Nazaré foi
feito o Messias prometido: o Messias seria judeu, da família de
Davi, descendente directo da casa de Abraão. De modo que também a
Igreja de Cristo foi pensada sob a aliança estabelecida entre Deus e
Abraão. Por isso, o apóstolo Paulo escreve convictamente: “Nisto
não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho
nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. E, se sois de
Cristo, então, sois descendência de Abraão e herdeiros conforme a
promessa” (Gálatas 3:28-29).
Portanto,
há razão suficiente para dedicarmos-nos ao estudo do livro de
Génesis. Ele apresenta o início da história da salvação. Em
Génesis, somos convidados a compreender como começou a história do
povo de Deus que culminou na revelação de Jesus Cristo, a fim de
que hoje fôssemos alcançados pela graça de Deus em Cristo Jesus, o
nosso Senhor.
INTRODUÇÃO
O
Génesis fascina o espírito. Tudo nele é relevante, didáctico,
profundo, belo e devocional. Até as suas genealogias trazem
preciosas lições. Da criação do Universo à morte de José,
percorre-se um caminho que, apesar das agruras e provas, conduz logo
ao Criador. Em cada página, encontra-se um Deus que, não se
limitando a criar, deleita-se em revelar-se à criatura.
Neste
livro, aparecem os patriarcas. No Crescente Fértil, refaz-se as
peregrinações desde a imponente Ur à rústica Betel. Das suas
vitórias, compartilha-se. Que outro autor poderia descrever com
tanta poesia o encontro de Jacó e Raquel? E a história de José?
Não há quem não chore ao ler o drama do escravo hebreu que veio a
governar o Império Egípcio. Em cada capítulo do Génesis, tem-se
uma nova experiência com o Deus de Isaque e de Abraão. Iniciemos,
pois, o nosso diálogo com uma literatura alta, rica e artisticamente
bem trabalhada. Mas este não é o seu principal mérito. À
semelhança dos demais livros da Bíblia Sagrada, o Génesis é a
inspirada, inerrante e infalível Palavra de Deus.
Não
veio à luz apenas para encantar-nos a estética, mas para
encaminhar-nos à ética inigualável e perfeita do Criador.
Sem
o livro de Génesis, as grandes perguntas da vida ainda estariam sem
resposta.
I.
A AUTORIA MOSAICA
O
Génesis foi escrito por um dos homens mais sábios na história.
Filho de Anrão e Joquebede, pertencia Moisés à casa de Levi, a
mais conservadora das tribos hebreias (Êxodo
6:20; 32:26-28).
A sua biografia é apontada por lances dramáticos e inexplicáveis.
Ainda recém-nascido, foi preservado do infanticídio desencadeado
pelo rei do Egipto, ao visar a eliminação do povo de Israel (Êxodo
2:1-10).
Providencialmente
adoptado pela filha do Faraó, é levado ao palácio, onde recebe a
educação mais esmerada da época (Actos
7:22).
Homem feito, saiu a ver as agruras dos seus irmãos. E, na ânsia por
ajudá-los, acaba por matar um egípcio. Vê-se, então, forçado a
refugiar-se em Midiã. Nesse diminuto reino localizado ao norte da
Arábia, entrega-se ao pastoreio do rebanho de Jetro, seu sogro
(Êxodo
3:1).
Ali, solitário e reflexivo, dispõe de espaço e tempo para meditar
nos propósitos do Deus de Abraão. Que perguntas avivaram-lhe o
espírito? E que indagações fez ao Eterno de Israel?
Deus
utiliza o isolamento de Midiã, para trabalhar-lhe a personalidade.
No Egipto, entre cativos e seus cobradores, jamais se teria
desenvolvido espiritualmente. Foi no seu exílio, que Moisés
inteira-se de uma invenção que revolucionaria a transmissão do
conhecimento: o alfabeto. Surgido na região do Sinai, seria logo
adoptado pela maioria dos povos.
Providencialmente,
o Senhor impediu que a sua Palavra fosse escrita em caracteres
egípcios, pois tanto o demótico, conhecido pelo povo, como o
hieróglifo, dominado apenas pelos sacerdotes, não possuíam a
plasticidade e a segurança necessárias para registar os inícios da
História Sagrada.
Não
sabemos em que período do seu ministério, Moisés escreveu o
primeiro livro da Bíblia Sagrada. Mas podemos garantir que o Êxodo
é uma sequência natural do Génesis, pois, no original hebraico,
ambos os livros acham-se ligados por uma conjunção aditiva.
O
Pentateuco é da autoria de Moisés – Êxodo 17:14; 24:4; Números
33:1-2; Deuteronómio 31:9; Josué 1:8; 2Reis 21:8.
Os
escritores do Novo Testamento estão em concordância com os do
Antigo Testamento pois falam dos cinco livros como
“a lei de Moisés” (Actos 13:39; 15:5; Hebreus 10:28; 2Corintios
3:15). O
próprio Jesus deu testemunho de que Moisés é o autor
(João 5:46; Mateus 8:4; 19:8; Marcos 7:10; Lucas 16:31; 24:27-44).
II.
DATA E LOCAL
Não
é tarefa nada fácil precisar a data e o local em que Moisés
escreveu o Génesis. Para não nos perdermos em especulações,
algumas absurdas e outras impiamente vazias, adoptaremos a posição
conservadora por ser a mais segura e racional.
1.
Data. É-nos
permitido afirmar que o primeiro livro da Bíblia foi redigido entre
1445 e 1405 antes da era cristã, durante a peregrinação de Israel
pelo Sinai. Eleger qualquer outra época, como a dos pós-exílio
babilónico, por exemplo, é atentar contra as evidências da própria
Bíblia. Tanto os profetas quanto os apóstolos têm como certa a
autoria mosaica de todo o Pentateuco, ao incluir o Génesis.
2.
Local. Já
que sabemos ter Moisés escrito o Génesis no século 15 antes de
Cristo, concluímos que ele o redigiu no Sinai. Aliás,
encontramos-lo em diversas ocasiões, durante a peregrinação de
Israel pelo deserto, a registar as palavras do Senhor (Êxodo
24:4; Números 32:2 – Deuteronómio 31:9).
Ao seu dispor, excelente material de escrita. Doutra forma, o livro
jamais teria chegado às gerações futuras.
O
tema central do livro de Génesis encontra-se no primeiro capítulo e
versículo: “No
princípio, criou Deus os céus e a terra” (Génesis 1:1).
A
História da Criação
“A
primeira coisa que chama a atenção do leitor da Bíblia é o
laconismo (apenas dois capítulos) com que a história da Criação
do mundo e da humanidade é contada. A aritmética de Génesis é
impressionante. Somente dois capítulos são dedicados à história
da Criação e um à entrada do pecado na raça humana. Por outro
lado, treze capítulos são dedicados a Abraão, dez a Jacó e doze a
José (que nem era um patriarca, nem um filho por meio do qual as
promessas da aliança seriam perpetuadas). Ora, presenciamos o
fenómeno de doze capítulos para José e apenas dois para a Criação.
Seria impossível alguém ser, por assim dizer, seis vezes mais
importante que o mundo?”
III.
REIVINDICAÇÃO E TEMA.
Todos
os livros da Bíblia possuem, além do tema central, uma
reivindicação específica. Por isso, devemos ler a Palavra de Deus
com atenção e cuidado, para não lhe ignorarmos as demandas.
1.
Reivindicação.
A principal reivindicação do Génesis é que creiamos ser Deus o
Criador dos céus e da terra. Aliás, é a primeira verdade que nos
expõe o autor sagrado (Génesis
1:1).
Que nos curvemos humildemente, pois, à soberania divina. Ao aceitar
semelhante demanda, confessa o salmista Etã: 'Teus
são os céus, e tua é a terra; o mundo e a sua plenitude tu os
fundaste” (Salmos 89:11).
Quem lê o Génesis com devoção e amor, aceita de imediato a
exigência divina. Sim, tudo pertence ao Senhor, inclusive você e
eu. Aleluia!
2.
Tema. O
tema do Génesis faz-se acompanhar da sua reivindicação central:
“No princípio,
criou Deus os céus e a terra”.
Nesse livro, portanto, encontramos as origens dos céus, da terra, do
ser humano, das nações e do povo de Israel. Acham-se nele, também,
os esboços das doutrinas que professamos. O seu título, a
propósito, significa exactamente isso: origem.
Um
dos objectivos de Moisés ao escrever o livro de Génesis, era
fortalecer a fé da geração do Êxodo ao mostrar que Deus é o
grande criador dos céus, da Terra e do homem.
IV.
OBJECTIVOS DO LIVRO.
Além
de uma reivindicação específica e de um tema central, o Génesis
foi escrito com, pelo menos, dois objectivos: fundamentar teológica
e historicamente o êxodo hebreu e responder-nos às grandes
perguntas da vida.
1.
Fundamentar o êxodo hebreu. Os
leitores, ou ouvintes, imediatos do Génesis foi a geração que o
Senhor libertara do cativeiro egípcio. No momento mais crítico da
sua história, era-lhes urgente saber três coisas essenciais. Antes
de tudo, que o Jeová do Êxodo era o mesmo Elohim do Génesis. Logo,
o Criador dos céus e da Terra não poderia deixar de apresentar-se
como o Redentor do seu povo. Finalmente, o Deus que chamara Abraão a
uma nova realidade espiritual, convocava-os, agora, a uma vida de
liberdade numa terra boa, ampla e singularmente aprazível. Por isso,
o Senhor se apresenta aos filhos de Israel como o El-shaday dos
patriarcas (Génesis
17:1; Êxodo 6:3).
O
primeiro objectivo do Génesis, portanto, era fundamentar teológica
e historicamente os filhos de Israel, a fim de que assumissem a sua
identidade como povo de Deus. Eles deveriam saber que a sua liberdade
não era fruto de um movimento político, nem de uma convulsão
social, mas o cumprimento das alianças que o Senhor estabelecera com
Abraão, Isaque e Jacó. Aliás, o próprio José, pouco antes de
morrer, profetizara, no Génesis, o Êxodo: “Eu
morro; porém Deus certamente vos visitará e vos fará subir desta
terra para a terra que jurou dar a Abraão, a Isaque e a Jacó”.
Em seguida, José fez jurar os filhos de Israel, ao dizer:
“Certamente
Deus vos visitará, e fareis transportar os meus ossos daqui”
(Génesis 50:24-25).
Nas Sagradas Escrituras, todos os actos de Deus são bem
fundamentados teológica e historicamente. O que aconteceu no Êxodo
alicerça-se no Génesis. As alianças firmadas neste cumprem-se
naquele. O mesmo podemos dizer com respeito à nossa salvação. O
que teve início no primeiro livro da Bíblia plenifica-se no último.
2.
Responder às grandes perguntas da vida.
O Génesis foi escrito também para responder-nos às grandes
perguntas da vida. Em primeiro lugar, todos ansiamos por saber como
vieram a existir os Céus e a Terra. A segunda indagação, não
menos importante, é acerca da nossa própria origem. Se não
obtivermos as respostas certas, deixar-nos-emos aprisionar tanto
pelas mitologias antigas como pelas modernas, que nos chegam
diariamente travestidas de ciência.
Adão
não tinha qualquer dúvida quanto à criação, pois conhecia
pessoalmente o Criador. Mas os seus descendentes, por parte de Caim,
logo endeusaram a criatura, ao permitir-se arrastar pelo sexo e por
actos cada vez mais violentos. Sim, violência e sensualidade, os
dois primeiros deuses da humanidade; daí, nasceram todos os ídolos.
Não
demorou muito para que os filhos do próprio Sete caíssem nos mesmos
pecados de Caim (Génesis
6:1-3).
Se não fosse o piedoso Noé, toda a raça humana teria perecido no
Dilúvio.
A
era actual em nada difere daquela época, conforme afiança o Senhor
Jesus: “Pois
assim como foi nos dias de Noé, também será a vinda do Filho do
Homem. Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio comiam e
bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé
entrou na arca, e não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e
os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do Homem”
(Mateus 24:37-39).
Em consequência do pecado, o deus deste século não demorou a cegar
e a perverter a mente da humanidade (2Corintios
4:4).
E, assim, a narrativa que Adão e Noé transmitiram aos seus filhos
acabou por degenerar-se em mitologias blasfemas e grosseiras. A
família de Sem, através de Abraão, ainda manteria, por alguns
séculos, a pureza do criacionismo.
Mas,
já no tempo do Êxodo, a tradição oral já não era confiável.
Por isso, o Senhor convoca Moisés não apenas para libertar Israel
do Egipto, como também continuar, através da palavra escrita, a
verdade sobre os inícios de todas as coisas.
Ao
ter em vista a pureza do Génesis, rejeitamos a hipótese de que o
autor sagrado foi buscar partes nas mitologias babilónicas para
redigir o primeiro livro da Bíblia. Supervisionado pelo Espírito
Santo, seleccionou os registos mantidos pelos hebreus, ao depurar a
tradição oral da criação que o seu povo ainda conservava. E claro
que, nessa tarefa, ele contou igualmente com a revelação divina. De
modo que, hoje, temos um texto confiável, lógico e coerente. Não
temos qualquer dúvida quanto à inspiração divina do Génesis, que
compreendeu tanto a iluminação como a supervisão do Espírito
Santo.
Moisés
foi chamado por Deus no momento mais crítico da história de Israel,
pois Faraó estava prestes a exterminar os hebreus. E, com eles,
perder-se-iam a narrativa da criação e os registos genealógicos
que nos remetem a Adão e ao próprio Deus (Lucas
3:38).
Além disso, a linhagem do Messias também seria destruída, ao
tornar inviável o advento de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Não
há como moderar a importância de Moisés na História Sagrada. O
seu óbito, anexado ao Deuteronómio, faz jus à sua biografia;
“Nunca mais se
levantou em Israel profeta algum como Moisés, com quem o SENHOR
houvesse tratado face a face, no tocante a todos os sinais e
maravilhas que, por mando do SENHOR, fez na terra do Egipto, a Faraó,
a todos os seus oficiais e a toda a sua terra, e no tocante a todas
as obras de sua poderosa mão e aos grandes e terríveis feitos que
operou Moisés à vista de todo o Israel” (Deuteronómio 34:10-12).
Bastava
o Génesis para que Moisés se imortalizasse. Mas a sua obra não
parou aí; transcendeu, ao fazer-se eterna séculos mais tarde, vamos
encontrá-lo no Monte da Transfiguração. Ali, juntamente com Elias,
conferenciava com o verbo de Deus acerca do momento maior da História
Sagrada: a expiação da humanidade no Calvário. A profecia de
Génesis 3:15
cumpria-se plenamente.
Podemos
encontrar no livro de Génesis temas como a Criação; Queda e a
degradação humana; o dilúvio; o recomeço da civilização e a
origem da nação de Israel.
V.
GÉNERO LITERÁRIO.
Ao
contrário de Homero, legou-nos Moisés uma origem do mundo altamente
confiável. Se o primeiro dispôs apenas do engenho humano, o segundo
foi assistido pelo Espírito Santo, que o inspirou, ao dirigi-lo em
toda a redacção da obra. Na composição do livro de Génesis, por
conseguinte, Deus providenciou todos os detalhes para que tivéssemos
uma obra que não erra e infalível: alfabeto, língua, género
literário e estilo.
1.
Alfabeto. Conforme
já dissemos, o Senhor impediu que os primeiros cinco livros das
Escrituras Sagradas fossem escritos nos caracteres egípcios. Se isso
tivesse ocorrido, o Pentateuco teria desaparecido já nas décadas
seguintes, pois somente a elite cultural egípcia, da qual Moisés
fazia parte, era capaz de dominá-los. Além do mais, a escrita
ideográfica do Nilo estava fadada a desaparecer. Haja vista que, no
período do Novo Testamento, os hieróglifos já haviam sido
substituídos, em todo o Egipto, pelos alfabetos grego e latino.
Dezoito séculos mais tarde, o francês Jean-François Champollion
(1790-1832) enfrentaria dificuldades, a fim de resgatar o sentido
daqueles signos linguísticos. Por esse motivo, Deus isolou Moisés
por quarenta anos em Midiã, para que o seu servo aprendesse o
alfabeto sinaítico. Através dessa invenção maravilhosa, ele teria
condições de transmitir às gerações futuras os inícios da
História Sagrada. Embora não se saiba quem de facto criou a
linguagem alfabética, o certo é que ela veio a ser assimilada
rapidamente pelos hebreus, fenícios, gregos e latinos. Destes, veio
a ser adoptada pela maioria das línguas modernas.
Durante
o cativeiro babilónico, os escribas judeus houveram por bem
substituir o alfabeto sinaítico pelo ashurith, conhecido também
como quadrático devido à sua forma rectangular. E, a partir do
século 6º da nossa era, apareceram os massoretas, cujo principal
trabalho foi a vocalização do texto original hebraico, para que
este não acabasse por perder a sua pureza fonética.
2.
Língua. Entre
os idiomas antigos, parece que o hebraico seria o mais perfeito.
Simples e poético, apresenta uma gramática descomplicada e logo
assimilável. É claro que, no decorrer do Antigo Testamento, os
livros do Pentateuco foram submetidos a vários processos editoriais.
Mas todas essas intervenções foram orientadas e supervisionadas
pelo Espírito Santo, ao visar preservar a integridade do texto
sagrado.
3.
Género literário.
Embora haja poesias e até hinos no Génesis, o livro não é uma
obra poética. Diferentemente de Homero, utiliza Moisés a narrativa
histórica para registar os começos do Céu, da Terra, da humanidade
e do povo hebreu. A História da Criação seria, séculos depois,
salmodiada pelos cantores de Israel. Mas, quando da redacção do
Génesis, o Senhor levou Moisés a utilizar um género literário
adequado à historiografia sagrada, ao realçar a credibilidade do
primeiro livro da Bíblia.
4.
Estilo.
Se o estilo é de facto o homem, em todo o Génesis vemos a mão de
Deus em tudo o que Moisés escreveu. Historiador sagrado, foi belo e
poético em cada frase e oração. Até pequenas sentenças, como
esta, adquirem beleza e ternura em sua pena: “Haja
luz” (Génesis 1:3).
A História de José é outro exemplo da excelência literária do
autor sagrado. Quem consegue lê-la sem lacrimejar? Enfim, o Génesis
é tão belo e singular que só podia ser divino. Escrito há mais de
três mil e quinhentos anos, continua a encantar crianças,
adolescentes, adultos e anciãos. O primeiro livro da Bíblia
Sagrada, portanto, é uma história real, não uma parábola, nem uma
colecção de metáforas, como sugerem os liberais e inimigos da
Palavra de Deus. Se o interpretarmos doutra forma, jamais poderemos
aceitar, como verdade, a História da Redenção.
SUBSÍDIO
BIBLIOLÓGICO
“Sete
características principais assinalam o Génesis.
(1)
Foi o primeiro livro da Bíblia a ser escrito (com possível excepção
de Jó) e regista o começo da humanidade, do pecado, do povo hebreu
e da redenção.
(2)
A história contida no Génesis abrange um período de tempo, maior
que o restante da Bíblia, e começa com o primeiro casal humano;
dilata-se, ao abranger o mundo ante-diluviano, e a seguir limita-se à
história do povo hebreu, o qual semelhante a uma corrente, conduz à
redenção até ao final do Antigo Testamento.
(3)
O Génesis revela que o universo material e a vida na terra são
categoricamente obra de Deus, e não um processo independente da
natureza. Cinquenta vezes nos capítulos 1-2, Deus é o sujeito de
verbos que demonstram o que Ele fez como Criador.
(4)
O Génesis é o livro das primeiras coisas – a primeira família, o
primeiro nascimento, o primeiro pecado, o primeiro homicídio, o
primeiro polígamo, os primeiros instrumentos musicais, a primeira
promessa de redenção, e assim por diante.
(5)
O concerto de Deus com Abraão, que começou com a chamada deste
(Génesis 12:1-3),
foi formalizado no capítulo
15,
e validado no capítulo
17,
e é da máxima importância em toda a Bíblia.
(6)
Somente o Génesis explica a origem das doze tribos de Israel.
(7)
Revela como os descendentes de Abraão, por fim, se fixam no Egipto
(durante 430 anos) e assim preparam o caminho para o êxodo, o evento
central do Antigo Testamento.
VI.
CONTEÚDO.
O
Génesis pode ser dividido em duas grandes secções: a História
Primitiva e a História de Israel.
1.
A História Primitiva. Conhecida
também como História Primeva, a História Primitiva ocupa-se dos
primeiros dois milénios da estadia do homem na Terra, ao abranger os
primeiros onze capítulos do livro: da Criação à Torre de Babel.
De forma sintética, mas profundamente clara, a Palavra de Deus
mostra como vieram a existir o Céu, a Terra, os animais e o homem.
Narra também a ocorrência do Dilúvio e o evento da Torre de Babel,
ao revelar como originou-se a diversidade cultural da humanidade.
2.
A História de Israel.
A partir do capítulo
12,
tem início a História de Israel. É uma narrativa soteriológica
(Relativo a soteriologia, doutrina da salvação realizada por Jesus)
das biografias dos três grandes patriarcas da nação hebraica:
Abraão, Isaque e Jacó. O relato é encerrado com a ascensão
providencial de José ao governo egípcio. Nessa secção, Deus
estabelece as suas alianças com os pais da família hebraica. De um
lado, promete-lhes que os protegerá nas suas peregrinações até
introduzi-los na terra de Canaã. Do outro, os hebreus se comprometem
a guardar-lhe os mandamentos e devotar-lhe uma adoração exclusiva e
única. Todos fomos chamados a uma vida perfeita diante de El Shaday
(Génesis 17:1).
CONCLUSÃO.
Como
nos sairíamos sem o Génesis? Ainda estaríamos presos às
mitologias babilónicas, indianas e gregas. Sem ele, jamais
poderíamos libertar-nos dos mitos pós-modernos, que nos chegam
todos os dias como verdade e ciência. Enfim, sem as verdades do
Génesis, jamais teríamos alcançado a liberdade em Cristo, pois a
doutrina da salvação tem, no primeiro livro da Bíblia Sagrada, a
sua génese. Por isso, agradeçamos a Deus por nos haver
providenciado uma porção tão indispensável e bela da sua
inspirada e inerrante Palavra. Quanto mais tempo passar, mais
constataremos a exactidão da obra que nos legou Moisés.
Devemos
ler o Génesis com a nossa família. No culto doméstico, devemos
abrir a Bíblia neste livro e estudá-lo metódica e
sistematicamente. Assim, impediremos que os nossos pequeninos sejam
vítimas dos falsos postulados científicos como a Teoria do Big Bang
e o Evolucionismo.
Na
proclamação do Evangelho, faz-se necessária a evocação de três
verdades que se acham no Génesis: 1) Deus criou os céus, a terra e
o homem; 2) Em Adão, todos pecamos, tornando-nos réus da morte
eterna; 3) Entretanto, Deus providenciou-nos eficaz salvação
através da semente da mulher: Jesus Cristo, nosso Salvador.
A
leitura do Génesis nunca se fez tão necessária como nos dias de
hoje. As nossas crianças precisam saber quem fez todas as coisas. O
que eles vêem não é obra do acaso; é criação divina. Se não
formos precavidos, doutrinas fúteis, como o evolucionismo, lhes
roubarão a fé salvadora.
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