terça-feira, 11 de abril de 2017

O pecado cometido por Adão e Eva foi a relação sexual?


Vejamos o relato Bíblico da origem do sexo: “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. Houve tarde e manhã, o sexto dia” Génesis 1:31. Note-se bem, no sexto dia Deus criara o homem e a mulher. Criou a sexualidade deles também. E Deus viu que tudo quanto fizera era muito bom. Algumas pessoas acham que o sexo era algo puro, mas que após o pecado degenerou-se. Esta não é a posição bíblica.
Se olharmos para o propósito para o qual Deus criou o sexo veremos que não é apenas para procriação, mas sim para a alegria e felicidade humanas.

O matrimónio e o Sábado são sagrados. Foram as duas instituições que Deus deixou para o bem do homem desde a criação. A orientação bíblica é que homem e mulher cheguem ao casamento virgens, e legal e religiosamente livres: solteiros, ou viúvos, ou divorciados (como parte inocente). Se vivem maritalmente quando o Evangelho os alcança, que se casem.
Nenhum outro tipo de relacionamento sexual é aprovado por Deus. O casamento satisfaz as necessidades básicas de pertencer, de amar e de ser correspondido. É protegido pela sociedade e dá dignidade ao casal e aos filhos. Exige esforço e determinação para torná-lo bom e satisfatório. Nunca deve um casal pensar que o seu casamento foi um erro. O segredo do êxito é manter comunhão com Cristo e decidir tornar o cônjuge feliz.
Para a felicidade no casamento o amor é fundamental. Alguns acham que o sexo é o presente de casamento que Deus concede a cada casal que se casa. A procriação humana poderia ter sido planeada por Deus da seguinte maneira: o homem colocar uma “sementinha sexual” na mulher (na boca, por exemplo). Por que será que Deus idealizou o sexo como o conhecemos, como algo tão íntimo? Por que Deus ama o homem.

O grande prazer e satisfação trazidos pelo sexo ilustram o quanto Deus ama a humanidade e quer ver-nos felizes. Ao ser que tudo o que Deus faz é bom, reconhecemos que por mais que os homens tenham deturpado esta dádiva divina, em si mesma ela não é pecaminosa, mas sim santa e pura como tudo o que Deus faz.

A sexualidade possui três propósitos, que são:


  1. Unidade (Génesis 2:18 e 24): Deus criou o homem e a mulher para que vivam em relação e em comunhão, porque “não é bom que o homem esteja só”. Aqui se enfatiza as necessidades sociais que são satisfeitas na relação matrimonial. Ao mesmo tempo, as necessidades físicas, psicológicas, sociais e espirituais são contempladas nessa unidade. A unidade baseia-se no amor, e é o amor que deve ser expresso na relação sexual porque “a união de dois corpos não pode produzir por si mesma o amor. Só pode expressar um amor já existente”. O sexo será o servo do matrimónio, e não o seu senhor. Isso quer dizer que o carácter da pessoa amada será mais importante que o seu corpo ou os seus atractivos sensuais.
  2. Proporcionar prazer sexual (Cantares e Provérbios); A Bíblia nos apresenta claramente este propósito da sexualidade. Especialmente os livros de Cantares e Provérbios de Salomão se ocupam desse aspecto da sexualidade que não se pode estudar separado dos outros dois propósitos.
    O capítulo 5 de Provérbios refere-se à vida sexual humana, e o versículo 21 deve ser entendido nesse contexto específico, quando diz: “Porque os caminhos (sexuais) do homem estão perante os olhos do Senhor, e Ele considera todas as suas veredas (sexuais)”. Deus observa o acto sexual dos cônjuges entregues ao prazer inocente designado por Ele mesmo, e o aprova; alegra-Se com o gozo puro e santo.
    É interessante notar que em Cantares não se faz referência à função procriadora, só à função prazenteira da sexualidade, embora os amantes não se neguem à beleza da sua própria concepção (Cantares 3:4) e nascimento (Cantares 6:9; 8:5). Richard Davidson diz que nesse livro “a união sexual ocorre com valor e significados independentes, os quais não necessitam ser justificados como meio para um fim superior (por exemplo, a procriação)”. Dito de outra maneira, o prazer sexual tem o seu próprio lugar e não fica sujeito à procriação nem é controlado por ela.
    Não se pode perder de vista, entretanto, a integração dos três propósitos da sexualidade. “Vários estudos recentes têm analisado profundamente e demonstrado de modo conclusivo a íntima relação entre os primeiros capítulos de Génesis e Cantares. Na “sinfonia de amor” que começa no Éden e é arruinada depois da queda, Cantares constitui uma “poesia do amor redimido”. Cantares é o comentário defensor de Génesis 2 e 3; o paraíso perdido é agora um paraíso reconquistado.
  3. Procriação (Génesis 1:28); O terceiro propósito para o qual foi criada a sexualidade poderia ser o primeiro ou o segundo, já que a ordem na qual foram colocados neste livro não indica hierarquia, mas enumeração é o que nos permite concretizar num filho ou numa filha a unidade baseada no amor gostoso e prazenteiro.
    Em Génesis 1:28, Deus diz a Adão e Eva: “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a Terra”. Essa ordem é anterior à queda no pecado e, logicamente, traz implícita a ordem: “Usem sua sexualidade para trazer crianças ao mundo e povoar a Terra”. Assim o uso imediato da sexualidade no começo da humanidade foi com o propósito de que o primeiro casal constituísse uma família.
    Nada tinha a ver com o primeiro pecado cometido por Adão e Eva.

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