terça-feira, 11 de abril de 2017
A Origem da Queda do Homem – Eva, a Serpente e o Fruto Proibido
abril 11, 2017
|
A
Origem da Queda do Homem
“E
ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim
comerás livremente,
Mas
da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás;
porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás” Génesis
2:16-17.
“E
disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim
comeremos, Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse
Deus:
Não
comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais (do
hebraico pen-namut פן־נמות)"
Génesis 3:2-3.
Sempre
que o Génesis repete uma conversação ou um evento, é motivo para
vermos uma sinalização importante no texto. Tendo em consideração
que tudo o que foi escrito na Bíblia tem um propósito, podemos
acreditar que existe uma camada de interpretação muito poderosa por
detrás das redundâncias bíblicas.
Assim,
se compararmos a ordem que Deus deu a Adão, para não comer da
Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, com a resposta que Eva deu à
serpente, teremos bons e ténues indícios da origem da queda do
homem, que nos trazem importantes ensinamentos e significantes
mensagens.
A
Torah regista duas versões do mandamento divino dado ao homem.
Primeiramente, encontramos este mandamento na sua forma original,
quando Adão o recebeu directamente do Criador. Mais tarde, na
história da criação, Eva o repete para a serpente, revelando
algumas inconsistências no seu entendimento.
Com
isso, qual seria a necessidade dessas duas versões serem registadas
com todos os detalhes? Não seria muito mais simples a Torah afirmar
“e
Eva repetiu o mandamento divino para a serpente”?
Quando
as duas versões do mandamento são comparadas, surge uma série de
impressionantes variações:
O
Mandamento Divino e a Versão de Eva:
|
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Deus:
|
Eva:
|
De
toda a árvore do jardim comerás livremente
|
Do
fruto das árvores do jardim comeremos
|
Mas
da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás
|
Mas
do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não
comereis dele, nem nele tocareis
|
porque
no dia em que dela comeres, certamente morrerás
|
para
que não morrais (do
hebraico pen-namut פן־נמות)
|
|
|
Não
temos neste estudo, nenhuma intenção de influenciar uma opinião
injusta em relação à Eva, mas devemos notar nesta passagem que
houve uma quebra na comunicação entre Deus e o homem, onde não
está muito claro em que altura dos acontecimentos possa ter
ocorrido.
Deus
originalmente ordenou a Adão, com relação à Árvore do
Conhecimento do Bem e do Mal, antes da criação de Eva. É de se
assumir que foi Adão quem instruiu a mulher sobre o mandamento
divino. A Torah deixa um tanto vago esse processo de comunicação.
Em que ponto se dá a incompreensão da palavra de Deus?
Foi
Adão quem não compreendeu a ordem divina? Ou ele não conseguiu
passá-la adequadamente a Eva? Ou foi Eva quem falhou em entender o
significado moral das palavras do Criador?
Ao
não esclarecer o ponto onde há esse ruído na comunicação, a
Torah transmite uma lição adicional. A comunicação é ao mesmo
tempo uma importante e delicada tarefa. Nós devemos ser precavidos
com as mensagens que damos e recebemos, com as palavras que saem da
nossa boca.
Nehama
Leibowitz, na sua marcante obra, Studies
in Bereishit (Estudos em Génesis),
pontua magnificamente que Eva comete o erro trágico de acentuar a
parte negativa da mensagem divina, e de negar a positiva. Deus
permitia que Adão e Eva comessem de todas as árvores do jardim.
Aos
olhos de Eva, porém, esta permissão extensiva era muito pouco.
Existe uma árvore “que está no meio do jardim”, que permanece
além do seu alcance. Não é somente proibido comer dela, como
também tocá-la (proibição inventada por ela mesma ou por Adão).
O
homem falha quando não aprecia, nem percebe a vantagem do vasto e
maravilhoso mundo que está à sua disposição. Quando damos a nossa
atenção somente àquilo que é proibido, ou que permanece longe do
nosso alcance, aí é que caímos na armadilha reflectida neste
texto.
A
serpente, na sua fala, conduz justamente a conversa com Eva nesta
direcção, para fazê-la ver apenas aquilo que não podia fazer ou
possuir. A parte da mensagem fabricada por Eva, “nem
nele tocareis”,
era a acentuação do negativo.
Logo
que Eva “tomou
do seu fruto”,
e vendo que nada lhe havia acontecido (pois Deus nunca tinha falado
em morte por se tocar naquele fruto), então prossegue e consuma o
acto, comendo-o.
Este
evento, como diz a tradição oral, confirma o dito do rei Salomão:
“Não
acrescente nada às palavras de Deus!”
Ainda,
ao examinar todas as diferenças entre as versões de Eva e aquela
ouvida por Adão no princípio, no que se refere à Árvore do
Conhecimento do Bem e do Mal, outra grande diferença começa a vir à
tona.
O
mandamento repetido por Eva à serpente, é mudado no coração da
sua natureza moral. A intenção original de Deus parece ser perdida
nas palavras da primeira mulher. Deus especificamente refere-se à
árvore como “a
Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal”.
Eva
expressa-se de forma bem diferente. Para ela, não existia mais uma
“Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal”, mas simplesmente uma
“árvore
que está no meio do jardim”.
No seu ponto de vista, Deus arbitrariamente tinha plantado uma árvore
perigosa no jardim do Éden, que não parecia ser diferente das
outras, mas ainda assim o seu fruto era proibido.
Esta
conclusão dá-se pela falta de qualquer indicação da natureza
daquela árvore, nas palavras de Eva. Não reconhecendo que era a
Árvore que tinha capacidade de transmitir o conhecimento do bem e do
mal, Eva ignora que Deus tenha os seus motivos para a proibição.
E
mais importante ainda, ela não entende que a proibição era uma
demanda de Deus sobre o comportamento humano, e não um aviso sobre
uma árvore cujos frutos eram venenosos. Ela prefere mais acreditar
que o perigo é arbitrário, criado por um “Deus caprichoso”, do
que confrontar a realidade de uma “Deidade que pensa” e que faz
demandas ao seu comportamento.
E
isto é reflectido também nas outras duas maiores distorções da
versão de Eva da proibição. “Não
podemos comer da árvore, apenas. Não podemos até mesmo tocá-la”.
A árvore é “tão perigosa que devemos evitá-la a qualquer
custo”.
De
acordo com a tradição oral (a Midrash), a serpente vê nisso, uma
abertura, e a usa contra a mulher, demonstrando que não havia tanto
perigo assim na Árvore do Conhecimento. Uma vez que o perigo
desaparece na mente de Eva, então não havia mais motivo para não
comer do fruto proibido.
O
que começou como um mandamento racional e moral, torna-se, na mente
de Eva, em medo supersticioso. Quando a superstição e o medo se
vão, a proibição juntamente desaparece.
A
evidência mais profunda de que Eva entendia a Árvore como sendo
perigosa, pode ser vista, de acordo com o rabino espanhol Rambam
(Moisés Maimônides, 1135-1204), no verso seguinte:
“E
viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável
aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento” Génesis
3:6.
Porque,
questiona Rambam, a Torah precisava dizer que Eva viu que a Árvore
era atraente em todos esses níveis? Que diferença isso faria?
O
Génesis está a indicar que Eva, originalmente, pensava que o fruto
da Árvore do Conhecimento era venenoso. Quando ela vê que
aparentemente não era, que ao invés, parecia desejável, ela
prossegue e come dele.
Ela
por não entender as significâncias que estavam na ordem divina,
começa a fabricar os seus próprios conceitos e conjecturas, numa
tentativa vã, a achar que os motivos de Deus eram aparentemente sem
sentido. Mas os caminhos de Deus são profundos demais para o
intelecto humano tentar decifrá-los.
“Porque
assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os
meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus
pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.” Isaías 55:9.
A
descrição da possível consequência do comer do fruto da Árvore
do Conhecimento do Bem e do Mal, por Eva, é também significante.
Deus disse “porque
no dia em que dela comeres, certamente morrerás”.
Eva simplesmente afirma, “para
que não morrais (pen-namut
פן־נמות)".
Deus
define a morte como uma consequência moral do acto de se comer do
fruto proibido (consequência moral da desobediência à palavra de
Deus). Eva via a morte como um potencial e possível perigo, mais do
que como uma consequência moral por ter desobedecido a Deus.
As
raízes do pecado estavam presentes no jardim do Éden. Do momento em
diante que Eva fala com a serpente, uma guerra é iniciada. Era a
luta entre a fé
e a superstição,
a batalha entre a dedicação voluntária e consciente à vontade de
Deus e o ritual cheio de proibições automatizadas, que não chegam
ao entendimento nem à realização da consciência humana.
Esta
é a luta entre o que Deus quer de nós e aquilo que nós
queremos-lhe oferecer. É uma batalha que vem a acontecer através
dos tempos de todas as gerações, o homem não compreende o que Deus
deseja de nós.
“Ouvindo
alguém a palavra do reino, e não a entendendo, vem o maligno, e
arrebata o que foi semeado no seu coração” Mateus 13:19.
Deus
está claramente, por toda a Bíblia, a dizer, a afirmar que o que
ele quer é nos ter em possessão eterna, Deus quer a nós mesmos,
todo o nosso ser, toda a nossa alma. Repetidamente, meio que
amedrontados com tamanha demanda, nós tentamos oferecer-lhe alguma
outra coisa.
Foi
assim com Caim e Abel, e com as suas ofertas. Deus não aceitou a
oferta de Caim, não por causa da oferta em si, mas por causa do
próprio Caim, da sua atitude de querer seduzir a Deus pela beleza de
um altar multicolorido. A intenção do coração de Caim não era
boa.
Deus
estava mais interessado no próprio Caim do que na sua oferta. Mas
Caim prefere matar o seu irmão Abel do que se confrontar consigo
mesmo, num exame da sua própria consciência, para reflectir as suas
intenções e vontades, e se voltar para Deus de todo o coração,
com todas as suas forças, com sinceridade.
Para
Caim, era muito mais fácil fazer uma oferenda linda! Mas Deus não
quer oferendas, Deus quer o ser humano por completo!
Séculos
depois, a recém-nascida nação Israelita está aos pés do monte
Sinai. A grandeza da revelação divina é manchada pelo pecado ao
envolver a adoração ao bezerro de ouro. Um comportamento difícil
de se entender. Como pode um povo que estava na presença do Deus
vivo, ao ver a sua majestade e poder, cometer tamanho acto de
idolatria?
Uma
breve análise da passagem do bezerro de ouro vai nos ajudar a
compreender o engano de Eva, e a natureza da sua queda.
A
adoração ao bezerro de ouro não acontece em um “vácuo”, de
forma súbita, nem de uma hora para a outra. É na verdade, a
continuidade de um padrão de comportamento estabelecido no momento
que a revelação se inicia.
Quando
Deus se revela ao seu povo, eles ao invés de desejarem uma
proximidade maior com Ele, respondem ao Seu chamado com uma insólita
regressão.
“E
todo o povo viu os trovões e os relâmpagos, e o sonido da buzina, e
o monte fumegando; e o povo, vendo isso retirou-se e pôs-se de
longe. E disseram a Moisés: Fala tu connosco, e ouviremos: e não
fale Deus connosco, para que não morramos [pen-namut
פן־נמות]”
Êxodo 20:18-19.
Note
que a frase pen-namut
פן־נמות,
“para
que não morramos”,
é exactamente a mesma usada anteriormente por Eva quando descrevia,
para a serpente, as potenciais consequências de se comer do fruto
proibido. Como podemos perceber, esta frase indica o medo de um
iminente e arbitrário perigo.
A
reacção dos filhos de Israel contrasta profundamente com a
disposição que tiveram algumas semanas mais cedo, após a
destruição do exército egípcio no Mar Vermelho. Lá, quando
estavam às margens do Mar Vermelho, a revelação do poder de Deus
foi recebida com canções, danças e alegrias; não com medo ou
querendo recuar.
E
porque então, eles reagem de uma forma tão diferente agora nesta
passagem do Sinai?
A
resposta está encravada na monumental diferença entre estes dois
eventos: A mensagem do Mar Vermelho é “Deus
cuidará de vós”.
Já a mensagem do Sinai é “Deus
requer algo de vós”.
Defrontados
com demandas sobre o seu comportamento, o povo busca mais pelo
conforto pessoal do que pelo confronto por si mesmo. Eles
desesperadamente tentam se distanciar de Deus e das suas demandas, ao
pedir que Moisés falasse com eles, no lugar de Deus.
E
quando Moisés demora, além das expectativas, para descer do monte
Sinai, o medo de que Deus voltasse a fazer demandas, ao falar
directamente ao povo, se torna esmagador. O bezerro de ouro é criado
não para substituir Deus, mas para substituir Moisés, e servir como
intermediário entre a nação Israelita e Deus. Assim
como hoje arranjamos intermediários, “virgem Maria e os outros
santos” entre os homens e Deus.
Dessa
forma, os encargos de uma comunicação próxima e directa com o
divino podiam ser evitados. Tragicamente, a nação Judaica caiu na
mesma armadilha, estabelecida primeiramente no jardim do Éden.
Muitas
vezes não compreendemos a vontade de Deus, expressa na sua palavra.
E partimos para uma religiosidade extremada, quem sabe cheia de
superstições e medos. Mas o medo falha em nos manter longe do
pecado, isso já foi demonstrado diversas vezes na história da
humanidade.
O
que realmente pode nos ajudar a continuar pelo caminho da rectidão,
é não outro, senão o entendimento e a compreensão da palavra de
Deus. E a palavra nos impele a uma reflexão profunda, num verdadeiro
conforto em nós mesmos, para um auto-exame da nossa consciência.
Para
descobrirmos, enfrentarmos e corrigirmos as nossas falhas de
carácter. Com certeza temos muitas. Mas mudar a nossa trajectória
de vida, melhorar, buscar uma nova prática de vida dá trabalho e
exige esforço. Razão pela qual muitos desistem de o fazer.
Corrigir,
examinar aquilo que mais nos desafia em nós mesmos é muito
assustador. Ninguém se sente confortável quando vê no espelho da
sua consciência, o pior de si mesmo, que precisa de ser mudado. Esse
é um grande desafio.
“Examine-se,
pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste
cálice” 1 Coríntios 11:28,
ou seja, Deus tem demandas para aqueles que desejam ter comunhão
real com Ele. E essas demandas não têm nada a ver com medo e
superstições religiosas, mas com o entendimento moral da sua
vontade.
O
engano de Eva e a queda do homem estão directamente relacionados com
o não entendimento e da não compreensão das demandas e da palavra
de Deus. Eva não creu nas palavras do Senhor, não teve fé, e sem
fé não se pode ter vida espiritual.
“Porque
nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está
escrito: Mas o justo viverá pela fé.” Romanos 1:17
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